segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Sermão da montanha (*versão para educadores*)


Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.
       Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens. Tomando a palavra, disse-lhes:

       - “Em verdade, em verdade vos digo: Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque eles...”
       Pedro o interrompeu:
       - Mestre, vamos ter que saber isso de cor?
       André disse:
       - É pra copiar no caderno?
       Filipe lamentou-se:
       - Esqueci meu papiro!
       Bartolomeu quis saber:
       - Vai cair na prova?
       João levantou a mão:
       - Posso ir ao banheiro?
       Judas Iscariotes resmungou:
       - O que é que a gente vai ganhar com isso?
       Judas Tadeu defendeu-se:
       - Foi o outro Judas que perguntou!
       Tomé questionou:
       - Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?
       Tiago Maior indagou:
       - Vai valer nota?
       Tiago Menor reclamou:
       - Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.
       Simão Zelote gritou, nervoso:
       - Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?
       Mateus queixou-se:
       - Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!
       Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:
       - Isso que o senhor está fazendo é uma aula? Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica? Quais são os objetivos gerais e específicos?  Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?
       Caifás emendou:
       - Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas? E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais? Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?
       Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:
       - Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos  para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade. Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto.
       - E vê lá se não vai reprovar alguém! Lembre-se que você ainda não é professor titular...
       Jesus deu um suspiro profundo, pensou em ir à sinagoga e pedir aposentadoria proporcional aos trinta e três anos. Mas, tendo em vista o fator previdenciário e a regra dos 95, desistiu.
       Pensou em pegar um empréstimo consignado com Zaqueu, voltar pra Nazaré e montar uma padaria...
       Mas olhou de novo a multidão. Eram como ovelhas sem pastor... Seu coração de
 educador se enterneceu e Ele continuou:

      -“Felizes vocês, se forem desrespeitados e perseguidos, se disserem mentiras contra vocês por causa da Educação. Fiquem alegres e contentes, porque será grande a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram outros educadores que vieram antes de vocês”.
       Tomé, sempre resmungão, reclamou:
       - Mas só no céu, Senhor?
     - Tem razão, Tomé - disse Jesus - há quem queira transformar minhas palavras em conformismo e alienação.. Eu lhes digo, NÃO! Não se acomodem. Não fiquem esperando, de braços cruzados, uma recompensa do além. É preciso construir o paraíso aqui e agora, para merecer o que vem depois...
       E Jesus concluiu:
       - Vocês, meus queridos educadores, são o sal da terra e a luz do mundo...

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